Em 2015 celebram-se os 300 anos do início da construção do grande Órgão da Sé de Faro. Esta brochura pretende assinalar este facto comemorativo, através da apresentação de três abordagens sobre o Órgão da Sé e uma outra abordagem sobre o Órgão congénere existente no Brasil.
O músico e professor António Alferes Pereira indica as dificuldades já há muito existentes em esclarecer os factos históricos relativos ao Órgão da Sé (nome do construtor, data de construção, quem o encomendou e quando foi instalado), o que tem aguçado a curiosidade e adensado a investigação sobre o instrumento. Da análise aos acórdãos do cabido surge informação esclarecedora.
Um misterioso papel que ainda hoje se encontra colado no interior da caixa do instrumento, ali colocado pelo cónego António Fernandes da Cruz David em 1874, regista, ao que tudo indica, a sua origem, assim como intervenções de elevada importância a que foi submetido.
O mestre organeiro Dinarte Machado revela as sucessivas intervenções no Órgão da Sé, com destaque para a reparação exigida pelo terramoto de 1755, que arruinou o interior e especialmente a parte de cima (tubos e someiro) do instrumento. Apresenta a disposição dos registos e de outros elementos do Órgão da Sé.
O organista, professor e investigador João Vaz aborda vários casos de transformação de órgãos, instrumentos que reflectem a época e o local onde foram concebidos, bem como as constantes mudanças culturais e sociais. Refere as características da escola norte-alemã (Arp Schnitger) no Órgão da Sé, aliadas a elementos da tradição ibérica influenciada pelo gosto italiano. Um percurso que se confunde com o da história da música em Portugal durante o século XVIII.
Marco Brescia, organista italiano/brasileiro, professor e investigador revela que, de entre os instrumentos enviados de Portugal para as catedrais da América Portuguesa, o único remanescente é o Órgão da Sé de Mariana (Minas Gerais, Brasil), oriundo da escola organeira Arp Schnitger e congénere do de Faro. A sua origem é menos documentada, mas conhece-se o seu recibo de compra. Refere que o distanciamento físico-temporal e as modificações históricas sofridas pelos instrumentos acabaram por lhes diferenciar sensivelmente a “voz”.